segunda-feira, 29 de junho de 2009

Enroladinho de camelo

Cidades Modernas - Marx
A ascensão burguesa é vital para que se compreenda o processo de formação das cidades modernas, símbolo da divisão entre burguesia e proletariado, entre opressores e oprimidos. Os baixos salários que os burgueses pagam aos operários constroem a dura realidade urbana, criando verdadeiras cidades partidas, onde de um lado há as áreas nobres, reduto da burguesia, e de outro, as favelas e periferias, morada do proletariado. Têm-se o embrião das cidades dormitórios, nas quais boa parte da população sai para trabalhar durante o dia e retorna somente à noite. Nesse momento é gritante a desigualdade social entre as duas classes. 


Indiscutivelmente a classe burguesa promoveu enormes mudanças no modo de viver que “contaminaram” todo o planeta. Uma das mais visíveis transformações foi a subordinação do campo em relação às cidades, por conta da instalação de indústrias cada vez maiores nos centros urbanos, cuja produção não é mais pensada para os mercados local e regional, mas sim global, requerendo para isso matérias primas de qualquer ponto do planeta. Eis a expansão comercial, a busca incessante por lucros, a instalação de filiais em outros pontos da Terra, a globalização. 


O efeito imediato foi a migração em massa de milhares de pessoas das regiões rurais para as urbanas, atraídas por possíveis oportunidades de emprego, embora muitas das quais foram forçadas a realizarem esse tipo de deslocamento com o intuito burguês de formar um exército industrial ativo e de reserva. A abundância de mão de obra é desejada pelos burgueses, já que assim conseguem lucros ainda maiores oriundos de salários cada vez mais reduzidos em função da relação trabalhadores/vaga.


Foi justamente o fato de serem as sedes dos conglomerados que proporcionou às cidades um poder de barganha imenso sobre o interior, a ponto de determinar e ser determinante sobre a produção rural e também fornecer produtos para o campo, tais como maquinário, agrotóxicos, fertilizantes etc. Essa ciranda resultou em um crescimento cada vez maior às cidades, atraindo mais contingente populacional, acentuando as desigualdades sociais.


A burguesia conseguiu impor seu perverso sistema de pobreza e exclusão à grande parcela da população, utilizando-se de estratégias no mínimo condenáveis. Uma delas é a ideologia, talvez a pior esquizofrenia do planeta, pois ela existe justamente para negar sua própria existência, isto é, para mascarar a realidade, fazendo com que as pessoas percam a noção do que é verdadeiro e falso, tornando-se alienadas. Dessa forma, os burgueses conseguem ofuscar a dialética, motor da transformação social.


A ideologia é reforçada pelas instituições sociais, desde a religião (ópio do povo), passando pelas artes, mídia, política, entre outras, até chegar à família. Os construtores da ideologia, que começa a partir da base estrutural da sociedade - a economia- passando em seguida para as superestruturas, é o que Marx vai chamar de falsos intelectuais.


Entretanto, a burguesia não seria o que é se não fosse a posse dos meios de produção, um dos pilares de capitalismo. É essa posse que faz com que o proletariado tenha que se submeter às regras burguesas, vendendo sua força de trabalho em troca de um salário, que em tese, deveria dar para sustentar a si e a sua família durante o período entre salários. Não obstante, a parcela paga é menor do que lucro obtido em função do trabalho dos funcionários, estabelecendo o que se denomina mais valia. A coisa chegou a tal ponto, que o trabalhador não faz idéia nem do quanto produz de riqueza ao seu empregador. Se formos mais além, constataremos que parcelas consideráveis não sabe o que ocorre dentro da fábrica além daquilo executado todo santo dia igualzinho e alguns não devem nem saber o que a fábrica em que trabalha produz. No final das contas, todo o salário que o burguês paga ao proletariado acaba retornando aos próprios burgueses pelos outros setores da burguesia, num regime de concentração inesgotável. 


A classe burguesa conseguiu criar no inconsciente da população o fetiche. As pessoas compram não só porque precisam, mas sim porque vai lhes dar prazer e, porque não, status. O indivíduo pode gastar todas as suas economias de meses, pode estar endividado, pode não ter dinheiro sequer para manter uma alimentação digna, no entanto ele compra o tênis importado da moda, o celular de última geração, monitores LCD, o carro do ano. Tudo pelo prazer de poder mostrar ao próximo o seu poder de compra, mostrando que ele tem mais dinheiro do que aparenta, obtendo o respeito dos vizinhos apenas pelo que parece ser. 


As pessoas transformaram-se em vitrines e placas publicitárias ambulantes das marcas, exibindo seus nomes e símbolos em tudo o que é comprado. Aliás, o status vem principalmente pela etiqueta que o produto traz consigo, mais até do que pelo puro gosto pessoal em usá-lo.


Como bem salienta Marx em O manifesto do partido comunista, “a burguesia como classe revolucionária, ao tomar o poder das monarquias, não eliminou os antagonismos entre as classes, apenas estabeleceu novas classes, novas condições de opressão, novas formas de luta”. As relações sociais de afeto, e mesmo as familiares, foram substituídas por relações comerciais, nas quais somente o dinheiro é importante. Tudo na sociedade moderna parece funcionar com o objetivo de promover a acumulação de capitais a uma só classe, desequilibrando a balança há muito tempo tombada para o lado da burguesia.
(Fonte: Blog do Grecos)
Opinião + Guy Debord.
Eu não concordo com TUDO o que Marx diz, mas do que li a respeito dele, concordo com 95%. 
O que não dá para admitir que é ele seja chamado de "perdedor". Porque se for para usar os conceitos de VENCEDOR e PERDEDOR. Como alguém que foi expulso de um país várias vezes por representar perigo pode ser um perdedor? Como alguém que tem as teorias usadas até hoje pode ser um perdedor? E as teorias dele estão corretas. Veja bem, não vou discutir se a base de tudo é  ou não a economia, mas que a grande empresa massacra a pequena empresa é um fato. Não há ninguém que não saiba disso. Que a balança da desiguldade há tempos está caída para o lado burguês e que os menos favorecidos são cada vez mais excluídos e tendo menos acesso a tudo, também é um fato. E que você, trabalhador, não vai ascender, é outro fato. Ok, vc pode ganhar na megasena e uhul isso aí. Mas se isso fosse uma regra, a população pobre não aumentaria a cada dia e a classe média não ficaria mais pobre a cada dia que se passa. É indiscutível. 
Por que eu defendo uma ditadura antes do socialismo?
1. Não vejo socialismo como ditadura. Pq se o socialismo visa o bem SOCIAL, vc pode perfeitamente fazer críticas construtivas, estarão todos satisfeitos na medida do possível. Todos terão acesso a educação, saúde, coisas elementares numa sociedade. Por isso não enxergo uma ditadura, descordo de Marx. 
2.  Antes do socialismo existir, é necessário acabar com o capitalismo. Nós somos movidos a ganância, a dinheiro, a ter mais quando não se precisa. Não excluo NINGUÉM dessa lista. Se você puder ter 10, pq vc vai querer ter 5? Não sejamos hipócritas, vc não vai querer isso. 
“...Você afia o apetite humano a ponto de ele partir átomos com seu desejo. Você constrói egos do tamanho de catedrais e conecta o mundo com fibras óticas a cada impulso do ego. Atiça os sonhos mais tolos com as fantasias chamadas dólar e ouro até que cada ser humano aspire a imperador e se torne seu próprio deus. E o que vem depois disso?”
Nós somos estimulados a isso. A sermos os vencedores, a querermos mais, a sermos gananciosos, vaidosos... E como diz Guy Debord, o espetáculo não é para você, é pro outro.
O outro tem que enxergar que você é um líder, que você é um vencedor, que você tem o melhor carro, a melhor roupa, que tem muito dinheiro. O importante é parecer.  E sem uma ditadura escrotamente forte, como se destrói isso? 
Além disso, quando digo que vivemos sob a pior das ditaduras, sendo esta a da imagem, não encaro como exagero, não... Porque veja bem, na ditadura militar era explícito. Você sabia que era ditadura. Em Cuba é explícito, eles sabem que vivem debaixo disso. Agora e a gente? Ninguém disse o que podemos e o que não podemos fazer, tudo é feito nas entrelinhas. Vc pode fazer como quiser, é verdade. Desde que você não dependa de um emprego, de ser aceito socialmente... E partindo do princípio de que precisamos trabalhar para podermos nos sustentar, e, dessa forma, podermos viver dignamente, você tem que dançar a música deles. Não é uma opção, é uma necessidade.  
A vida é um conjunto de pequenos espetáculos, onde não vale quem você é ou o que você tem, mas somente aquilo que você aparenta ser. Por isso, somos moldados desde crianças a nos vestirmos bem, a nos comportarmos de tal maneira, a falarmos de tal jeito, etc. Os valores são esses: poder, dinheiro, imagem. E tudo é um grande vestibular, onde você é avaliado o tempo inteiro, muitas vezes até dentro da própria casa. E diz uma frase famosa aí "Não deixe que o espetáculo acabe sem aplausos." por isso, tratemos de ser como eles querem. 
E não adianta dizer que não e discordar, é assim e pronto. Goste você ou não. Eu, particularmente, detesto. Mas fazer o que? A sociedade não vai mudar simplesmente porque eu quero.
E quer falar de vencedores? Tudo bem, então. Mas diante desse quadro eu não encontro nenhum. Você encontra? Meus parabéns, é um verdadeiro milagre. Pois me aponte, estou tentando descobrir qual.
É isso aí, sejamos felizes na medida do possível, nessa "Vida, o filme".

quarta-feira, 24 de junho de 2009

Eppur si muove: Sobre o cansaço mental universitário....

Bom estive a uma semana infurnado em meio a livros. Não que estivesse o tempo todo a lê-los, mas sempre a pensa-los. Preocupações com notas, trabalhos, provas...tudo que sempre aflige os universitários no final do semestre.
Não consigo pensar em mais nada a escrever... Poderia aqui falar algo de liberdade, ou de lei, de Rousseau, Hobbes, Locke, Max Weber... e tudo vai se confundindo...leio leio e leio e absorvo um mínimo... que ainda assim é bastante.
Bom, agora escrevendo me veio uma reflexão...como cada curso tem um perfil próprio e como constrói esse perfil nas bibliografias. Ou seja, te mandam ler tais e tais textos, quase nunca tens tempo para questionar isso ou aquilo, e mesmo se aprofundar em algo...te limitam o conhecimento na área que mais te agrada, te oferecendo somente aquilo que parece ser importante. Mas importante a quem?!?
Claro que é fácil contornar isso. Você, como estudante crítico, dedicado e sério, pode procurar por si só ler as críticas, fazer os questionamentos, aprofundar...mas dá tempo pra fazer isso com tanta leitura obrigatória????
Não reclamo da leitura obrigatória, acho que tem certas coisas que todos os profissionais de determinada área devem saber mesmo; não podemos esquecer de que as universidades estão aí é para formar profissionais e não pessoas que repensem tudo – claro que para quem for se profissionalizar no meio acadêmico essa oportunidade está em aberto, em alguns cursos...
Mas sei lá..a coisa tá ficando mecânica demais pra mim. Tão mecânica que minhas costas doem, não consigo dormir e meus pensamentos não são mais nada criativos, está sempre no mesmo campo semântico(aqueles autores ali em cima, mais umas outras pequenas coisas).
E só quero isso hoje: registrar que hoje estou puto com isso. E que há algo que deva ser mudado na estrutura de ensino. Quando tiver fazendo alguma matéria sobre isso volto aqui para postar as soluções(ironia mode: on)!

Abraços!

sábado, 20 de junho de 2009

Bla Bla Bla...

bem eu vou falar uma verdade.... eu nao consigo postar... é sério....por exemplo eu sei onde minha casa pertence e sei onde meus amigos moram... essa metafora nada haver é apenas uma explanação entre meu blog e o bunda pra fora... e eu notei que nao consigo por um algo aburdo postar aqui....
Talvez seja como sempre minha falta de habilidade... ahhh e talvez essa coisa do alcool... no qual agora eu estou embriagaddddo.
e nesse horario razoavelmente com sono...

Mas Bem queria dizer uma coisa...
Eu já bebi por tudo....

E apesar de meus amigos entenderem errado esse post eu me sinto deprimido pela primeira vez beber.. para nao acreditar....

domingo, 14 de junho de 2009

Enroladinho de camelo

Gente, antes de começar o post, eu sei o que eu vou escrever aqui, então vou deixar claro que não sou uma suicida, não vou me matar, nem cortar os pulsos e também não sou emo. 8D Só estou atravessando uma fase difícil, ok? Não se preocupem comigo.

Well, o motivo do meu desânimo postatório e minha ausência, é sobre isso que vou falar nesse post.

Bom, eu estou infeliz. Tipo, eu sou feliz, ok? Mas todo mundo já atravessou uma fase escrota na vida, todo mundo já se sentiu triste por algum tempo, entrou numa crise passageira, coisas desse gênero. O que acontece comigo é que eu nunca passei por isso. Já tive dias tristes, infelicidade pós-término de namoro e coisas do gênero, mas nunca tive uma fase ruim. E ela veio, estava na hora, né? E veio com tudo.
Eu me sinto sozinha. Eu sei que tenho ou tinha amigos, sinceramente, tenho uma certa dificuldade de saber falar sobre isso. Mas, enfim, existem pessoas que me amam. Eu sei que existem. O que eu não sei é se eu as amo também. Afirmo com certeza que amo quem elas foram, mas, hoje, não sei dizer se amo quem elas se tornaram. Todo mundo muda, eu sei. Acontece que de todos os amigos que eu tive, eu conto nos dedos quantos mudaram para melhor e é um número tão restrito que me deprime. E o que fazer quanto a isso? Sabe, eu não sei. Não faço a menor idéia. Acho que aceitar e se conformar. Só que eu sou nostálgica e, para quem não sabe, eu tenho uma parede de fotos no meu quarto. E toda a noite antes de dormir eu encaro essas fotos e me pergunto o que aconteceu comigo, com eles, com a gente. Meu plano perfeito deu errado. Eu realmente acreditava que o terceiro ano acabaria e ficaríamos juntos forever and ever, porque somos amigos, sabe? Porque tínhamos o nosso grupo, porque ninguém mudaria. E nada disso se concretizou. É por isso que eu devia parar de fazer planos... Quando eles não se realizam, dói. Mas, se eu não esperar nada, pode ser que eu tenha boas surpresas e é disso que eu preciso. Surpresas agradáveis.
Diante desse quadro, sei lá o que deu em mim, mas.. Bom, eu comecei a estudar. Estudar muito. E para completar minha felicidade eu tenho atração por autores que dizem que é tudo uma merda e não apresentam a solução. Como vocês podem imaginar, isso me deprime mais. E também descobri que quando está vazio, não é o estudo que preenche isso. É o afeto. Vejam bem, eu não tô culpando ninguém, ok? Talvez a culpada seja eu. E eu não consigo sentir afeto. Ok, me expressei mal. Eu não sinto mais o afeto que eu sentia. De todos que eu tinha, meu afeto só se manteve igual com uma pessoa e com outra, aumentou. De resto, todos diminuiram. E há aqueles que eu olho e penso: não. Eu não sinto afeto nenhum.
Cl falou comigo outro dia sobre a presença dessas pessoas. Sim, a presença é importante, mas eu acho que nessa situação não é o fundamental. É, sei lá, o fundamental... Sabe, mesmo a distância, a gente é capaz de amar, mas a gente precisa ser cultivado.. as pessoas têm que cultivar o nosso amor. E eu sinto falta disso. É, é isso. A gente parou de se cultivar. É como uma flor... Você a molha todos os dias porque quer que ela viva, que seja saudável, porque a ama. Aí você esquece dela e vai, aos poucos, parando de molhar... ela vai morrer, é inevitável.
"Tu és eternamente responsável por aquilo que cativas."

Como toquei no pequeno príncipe, vou aproveitar para comentar sobre mim. Atualmente, eu tenho sido a pior versão de mim mesma. Quer dizer, pior para uns.. Para outros, tá jóia. Mas sei lá. Eu acho que ando me preocupando com o futuro demais, com a vida demais e esqueço de que o meu hoje é tão importante quanto meu amanhã. E que se eu não fizer nada hoje, o meu amanhã não será tão legal. Mas enfim, as pessoas crescem, não? Em um minuto, uma criança se torna um adulto. E fala como um adulto. E age como um adulto. É magnífico. Só que eu temo que jamais volte a entender a cabeça e o coração das crianças.
No final de tudo isso aqui, você apenas sabe que não sabe...

quarta-feira, 10 de junho de 2009

Eppur si muove: Nada a dizer...não às pressas

Bom, estou apressado. Trabalho a fazer literalmente pra ontem! Mas tinha que dar ao menos satisfação a este blog, dizer que não vou escrever.
Mas além do tempo, o final do semestre me consome. Prova atrás de prova, trabalho após trabalho. Isso tudo não só tira meu tempo como também me deixa estressado e sem criatividade!
Por isso não consegui pensar em nada para esta semana. até pensei num tema, mas seria mais vazio que pastel de feira falar dele às pressas, por isso nem adianto o tema, guardo-vos o suspense.
Me vem agora a mesma reflexão que outro dia tentei fazer, sobre o que escrever; dos locais para cada coisa...além do mais, quanto adianta eu preparar um texto que meia-duzia de gatos pingados vão ler, e desses capaz de a nenhum o texto causar alguma reflexão; não só porque o texto é ruim, mas também pela superficialidade do cotidiano, do sempre, da rotina, do costume... da falta de tempo para si mesmo.
Enfim, por aqui fico, com raiva de todo e qualquer professor de economia que me faz perder minha tarde pré-feriado fazendo um trabalho mega grande...

quinta-feira, 4 de junho de 2009

Gu pra você

Mississipi Queen...

Dependo das circunstâncias, de variáveis e mudanças.
E que mudanças! Que coloca obsoleta a lembrança.
Esquecida em meio às nuvens de um céu azul e contemporâneo
Que se preenche de cinza e tempo.
Frio é a necessidade de calor e a ausência de espírito, um vento na chuva ou queijo sem Doritos.
E quem você é, se resume a notas com padrões e excesso de domínio.
Porque cair de bunda dói, porque levantar dói, mas armar uma mesa não.
A cachoeira não é tão fria assim, mas o coração é e não há nenhum peixinho nisso.
Mapear é mais fácil que traçar uma reta, e as curvas não são necessárias na ausência do traço.
E que a verdade é como a chuva e a moto, elas sempre irão cair.
Porque segurança é saber por que o “Windows” travou.

“Igne Natura Renovatur Integra”

...If you know what I mean.

quarta-feira, 3 de junho de 2009

Eppur si muove: da liberdade

A liberdade é, para muitos, um ideal a ser alcançado. Uma parte acredita que ela possa ser criada pelos homens, outros acham ser mera utopia, mas continuam a não desmerecer-la somente por ser inatingível. Uma outra parcela ainda acredita viver em liberdade atualmente.

Mas o que seria então a liberdade?!

Quando começa-se a se discutir sobre o assunto, quase sempre há respostas que dizem que a liberdade é o poder fazer tudo que se queira, reduzindo a liberdade ao nível das escolhas. Dentro dessa mesma concepção é aceitável que existam leis para assegurar que todos sejam “livres igualmente”, e um dos maiores argumentos para isso é a manutenção da vida humana, pois é obvio, para alguns, que os homens vão se trucidar. Bom, para mim essa concepção é fraca, e aqueles que questionam sobre a segurança na verdade são pessoas violentas que se escondem por detrás de um tecido social, ou seja, só não matam porque a lei impede.

O poder de escolha entre uma coisa ou outra em si não pode caracterizar a liberdade, pois isso já faz parte da democracia. O poder da escolha prevê ao menos duas alternativas predispostas e um ser racional para escolhê-las; não existindo nada que possa suscitar à liberdade de verdade e sendo apenas um preceito à democracia bem construída.

Não sendo a liberdade apenas a possibilidade de escolher, também não pode ser apenas a facilidade de se cumprir suas vontades, pelo mesmo princípio das escolhas; já que as vontades dependem das escolhas e cumprir ou não uma vontade é um ato de escolha. Também não se pode conceber que a liberdade seja uma característica ou um fenômeno pertencente apenas ao indivíduo; pois daí surge que um tirano poderia ser livre, mesmo dominando outrem.

Os indivíduos vivem em sociedade e por ela são determinados e criados. Só existe a idéia de EU a partir de sua contraposição à idéia do NÓS; e, sendo assim, os homens só são homens porque antes são partes do todo social. Nesse sentido não pode existir indivíduo livre, pois para que o homem seja livre é necessário que ele seja reconhecido, tratado e respeitado como tal; e o reconhecimento só pode ocorrer dentro da sociedade. “A liberdade não é, pois, um fato de isolamento, mas de reflexão mútua, não de exclusão, mas de ligação”(BAKUNIN).

Então, para mim, a liberdade é um processo social e material que desencadeia na emancipação socio-intelectual do homem, no sentido de que gera um estado de desenvolvimento intelectual a nível de sociedade. Desenvolvimento não só das capacidades racionais da intelectualidade humana, mas também dos valores morais e dos sentimentos intra humanos.

A liberdade não é somente o objetivo, mas também nossa própria prática para construí-la.

Não se pode conceber que a liberdade seja apenas a ausência de autoridades, mas sim que é a presença do espírito humano por completo; um estado no qual, superada as coerções e contradições materiais, o homem possa se desenvolver socio-intelectualmente de forma autônoma, igual, respeitosa, digna, coerente e completa.

Não se trata, portanto, de uma nova ordem social e/ou de uma nova governabilidade; mas da superação pelo homem da necessidade de se organizar burocrática e desigualmente. Trata-se, também, de uma nova sociabilidade – que constrói uma sociedade e humanidade completamente novas.

O homem desse estado é um homem “livre-socialmente”, à medida que vê na liberdade “alheia” e do todo a confirmação e consolidação de sua própria liberdade.