sexta-feira, 24 de abril de 2009

Gu pra você

You can’t always get what you want

Você já parou para pensar na quantidade exorbitante de pessoas que querem de alguma forma melhorar o mundo?


Pensou?


Pois pense!


Pelo menos um cara ou menina na sua rua quer melhorar o mundo, seja ele com cinco anos ou com trinta todos eles procuram formas de burlar o sistema dentro dele procurando em formas formulas ou linguagem de computador alguma forma de conseguir o que ele quer e o que ele acha que é melhor para o mundo. Agora saiba que 99% dessas ideias são levadas ao ostracismo por uma coisa que é simples, uma coisa que nos é inerente, mas que evitamos a todo custo sofrê-la.

E o nome dela é mudança.

Todos nós queremos alguma coisa seja o que for desde um eletrodoméstico a extinção do poder capitalista, desde a volta de Karl Marx a morte de George W. Bush, mas quase ninguém se muda para mudar o mundo.


Tá generalizei né?


Sim, um pouco é claro, se você quer um eletrodoméstico você trabalha mais, logo sua rotina diária muda (olha a mudança ai!) mais trabalho menos tempo, se você quer Karl Marx de volta você procura religiões que lhe ofereçam essa possibilidade, se você quer matar Bush é simples tem mais um milhão e meio querendo fazer o mesmo é só procurar no Orkut.

Mas eu vou lhe dizer o que é difícil, difícil é aceitar o outro, difícil é se colocar no lugar dele, difícil é tentar perceber o quanto outro sofre e sentir isso sem se perder em seu sofrimento.

Difícil é tentar mudar você, porque o outro pode ser facilmente manipulado pelas contingências, já ouviu falar em condicionamento operante do comportamento verbal? Não!?

Então quando o outro lhe diz que é gay e você se diz extremamente aberto para esse tipo de escolha de vida (lá ele), você em seguida completa “desde que ele (a) não dê em cima de mim” então o que você deixa claro é que ele não pode ser quem ele é perto de você, porque você segue o padrão você é o cara do capitalismo selvagem (não que eu seja de esquerda) e por algum motivo você pode supostamente ser você, mas ele (a) não pode ser.

Todos aqui já vimos pedintes na rua, sem teto, e damos ou não dinheiro a eles e temos completa e total certeza que mudamos de alguma forma mesmo que ínfima que alguma coisa mudou e é claro que mudou, ele (a) vai comprar comida ou não, vai encher a cara de cachaça e espancar os filhos em casa ou não, ou vai chorar desesperadamente dia após dia por não ser notado como ser humano ou não.

É fácil crer no pior e idealizar o melhor o difícil é crer no melhor e fazer o possível para que o pior não venha, é fácil se colocar oculto em meio a uma multidão o difícil é se sobressair nela.

O que ninguém quer é procurar a dificuldade no outro nem saber que o outro tem, ninguém se interessa por isso, pois o que queremos é números, é pesquisa, são dados científicos.

Isso é importante.

O outro precisa ser visto como mais importante que a igreja, que a faculdade, que a noção básica da introdução a psicologia, economia, advocacia, relações internacionais ou ciências da computação.

Que a vida seja ela de que tipo é tão importante quanto a sua e que frases como “farinha pouca meu pirão primeiro” devem ser extintas, como deve ser extinto a ideia de que sou superior ao outro.

Que a simplicidade da vida muitas vezes não se encontra em você, mas naquilo que o cerca e que a busca ou a aprendizagem dessa simplicidade se adquire nos 5 sentidos (homens e 6 nas mulheres) no ver, no sentir, no cheirar, no falar, mas principalmente no ouvir e de começo que tal ouvir o som do mar, o som do jardim e que até se ver que em tudo isso, você é também um ser vivo e que cada coisa que o (a) cerca tem sua importância. E que coisa mais formidável ainda seria que se depois disso você saísse do seu troninho para escutar o outro.

A pior e mais significativa mudança não está no outro, mas em você, pois como aprendizagem é um processo infinito em vida, estamos ainda aprendendo como nos tornarmos pessoa.

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Não sou hipócrita, tudo que deixei aqui escrito tento de alguma forma alcançar, (o processo de idealização não é nada sem o processo da ação e como ambas fazem parte de um ato uma não sobrevive sem a outra) é difícil, é dolorido ver como é ser rejeitado até por quem você quer ajudar, mas posso lhe dizer de todo o coração nunca foi tão bom ser verdadeiramente eu.

Entenda como “ouvir”, como um processo onde mais importante é sentir de alguma forma aquilo que o outro lhe passa na mesma proporção que ele a sente e não como um julgamento.

E me desculpem o atraso no post, passei o dia indo de médico em médico.

5 comentários:

Simone Brasil disse...

Não tenho nada a complementar e/ou questionar pq isso tudo que vc escreveu é bem a questão da ternura no mundo que eu coloquei lá no meu blog... só que bem mais abrangente.

Bom post.

Bjs!

CL disse...

Certo, da primeira parte falo:

"Dizem que a estrada para o inferno está pavimentada de boas intenções."

sobre a parte que vai um pouco adiante digo:

"Lembra das nossas noites comVodka e Temaki? Nas quais eu te falava que a coisa mais dificil para as pessoas era ouvir e aceitar, mesmo que não concorde? Acho que é bem isso"

Sobre o resto do texto, digo:

"Cara, eu tentei falar sobre isso durante todo o Easy Come, Easy Go. E você sintetizo num post. Sério, tá lindo cara."

Sobre a parte em negrito eu digo:

"Negão, me orgulho muito de ti. E licença médica no BPF permite atrasos xD."

Hugs

Unknown disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Unknown disse...

Afinal né, dificil mesmo é correr atras, porque ajoelhar no milho e rezar é, hoje, o mais facil
num é verdade? xD

Mare Soares disse...

Não sabia que a coluna "Gu pra você" era tão interessante. (Só li tudo hoje hauaahauhe)

E eu ri. Com o lance de Bush e Orkut.